DJs brasileiras estão levando a música eletrônica nacional para a gringa
Já deu pra sentir que tem muita mulher na cabine de DJ e isso não é de hoje. Apesar de ainda existir um desequilíbrio enorme entre gêneros em muitos eventos no Brasil, do outro lado da balança, há também todo um movimento que luta pela equidade, criando festas, festivais e eventos com line-ups onde a mulher é protagonista em todas as frentes.
O que a gente comemora muito é o fato de algumas dessas DJs estarem fazendo sucesso levando sua bagagem musical para além do território brasileiro, coisa que é realmente fato inédito para as meninas. A música eletrônica nacional já viveu alguns momentos de romance com o exterior, começando com a cena de drum'n'bass no final dos anos 90, personificada especialmente na figura dos DJs e produtores Marky, XRS e Patife. Anos depois, o Brasil "eletrônico" voltou a ser assunto quando o hit Pontapé, de Renato Cohen, virou hino nas pistas de techno do mundo todo, levado pelo padrinho Carl Cox, e no início dos anos 2000 foi a vez do paulistano Gui Boratto levar seu minimal techno pra passear por outros continentes.
Claro que muitas DJs brasileiras já tocaram fora do país. Inclusive temos a rainha do techno ANNA, que acabou optando por viver em Barcelona de tanto que bombou na Europa de uns 5 anos pra cá. Mas tem um novo time que vem tocando fora do país (e de certa forma representa a cena de festas independentes) que dá aquele orgulho das manas. Talvez a imagem mais emblemática desse paredão de minas na gringa seja a da DJ Cashu tocando no Boiler Room transmitido do festival Dekmantel, na Holanda, em agosto do ano passado.
Depois disso, uma série de datas em festivais e clubes de renome começaram a ser divulgados por DJs como Amanda Mussi, Badsista e a Barbara Boeing. Numa conversa rápida com a Cashu, entendi que se trata do resultado da relação delas com agências internacionais de bookings como Apelago, Odd Fantastic e Futura. Agências gringas têm buscado mais artistas femininas e sons diferentes dos padrões europeus, e, neste quesito, as brasileiras estão com a bola toda. Conheça um pouco sobre elas.
Barbara Boeing
Barbara Boeing é DJ e pesquisadora musical há mais de uma década e, desde 2012, dá o sangue pela cena de sua cidade natal, Curitiba. Já teve banda e depois formou um coletivo, o Alter Disco. Fazendo festas de graça, Barbara ajudou a mudar movimentar a cena local, com um tempero próprio. Antes de partir para as primeiras datas na gringa, porém, Barbara foi construindo uma reputação tocando em festivais como o holandês Dekmantel em São Paulo, em 2018, e várias festas legais espalhadas pelo Brasil. Assim como rolou com Cashu, que ganhou muita moral depois de se apresentar ao vivo no programa Boiler Room, Barbara também ganhou um Boiler pra chamar de seu. Foi durante o festival Nuits Sonores, em Lyon, na França. O set foi transmitido ao vivo em junho último e foi sucesso total.
Ouça Barbara Boeing no Soundcloud
Amanda Mussi
Érica
Mais um exemplo de mulher brasileira que anda levando um som diferenciado pra gringa é a cantora, DJ e produtora Érica, também conhecida como Érica Alves, que faz um live act de respeito e nos últimos anos vem representando a música eletrônica ao vivo em festivais e rolês mais amplos como a Red Bull Music Academy em Paris e Montréal, Forthwith Festival em Winnipeg, Canadá, apresentações em eventos de arte e festas da tribo-mor Voodoohop em Berlim. Acaba de chegar do Festival Más Amor Por Favor em Montpellier, no quase-tropical sul da França. Diferente dos exemplos acima, Érica não tem contrato com agência e vem agitando tudo de forma independente. Ela aproveitou essa ida ao velho continente para fazer uma transmissão do descolado Red Light Radio em Amsterdã, que você pode conferir na íntegra por esse link abaixo
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