Claudia Assef http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br Um espaço para falar sobre descobertas musicais, novidades, velharias revisitadas, tendências e o que está rolando na música urbana contemporânea, seja na noite ou nas plataformas de streaming mais próximas de você Mon, 06 Apr 2020 20:47:29 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Palcos enormes, multidões coladas na grade e megaturnês: coisa do passado? http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2020/04/05/palcos-enormes-multidoes-coladas-na-grade-e-megaturnes-coisa-do-passado/ http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2020/04/05/palcos-enormes-multidoes-coladas-na-grade-e-megaturnes-coisa-do-passado/#respond Sun, 05 Apr 2020 21:27:33 +0000 http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/?p=856 Uma das coisas que mais têm me feito refletir nesses tempos de enclausuramento são lembranças de grandes shows. Dos melhores da minha vida, nos quais estava de corpo presente, e daqueles inesquecíveis que eu tive a sorte de ver pela TV, como o Queen no Rock in Rio de 1985, uma das lembranças musicais mais fortes que tenho, do alto dos meus 11 anos de idade.

Estamos vivendo um período divisor de águas. A simples tarefa de ir ao supermercado e cruzar com outra pessoa num corredor já faz o coração acelerar e a boca ficar seca. A desconfiança de botar o dedo na maquininha de cartão de crédito para pagar a conta, vem com o pavor de que ali, com certeza, o corona vai te pegar.

Se ir ao mercado se tornou a grande aventura da sociedade, imagina o que aconteceu com o mercado de eventos. Na última sexta (3), o DataSim (núcleo de pesquisa e organização de dados e informações sobre o mercado musical da Semana Internacional de Música de São Paulo), divulgou o resultado da pesquisa Covid-19 – o Impacto no Mercado da Música do Brasil. Segundo o documento, que você pode baixar neste link, mais de 8.000 eventos foram afetados, impactando um público direto na casa de 8 milhões de pessoas e prejuízo estimado em mais de R$ 483 milhões.

Muitas categorias dentro da indústria da economia criativa, especialmente profissionais da música, do audiovisual e do segmento de bares e restaurantes, se mobilizam para pedir ajuda ao governo, que, por enquanto, publicou uma medida provisória que prevê auxílio emergencial de R$ 600 a trabalhadores informais (veja se você se enquadra aqui).

Enquanto isso, como de costume, a sociedade civil se mobiliza como pode, em ações de voluntariado, como arrecadação de cestas básicas , fundos de emergência para pessoas trans, arrecadação para compra de equipamentos para hospitais, entre outras voltadas ao auxílio dos mais necessitados nesse período de Covid-19, diversas delas listadas neste link da ferramenta Vakinha.

HUMANOS MELHORES, EVENTOS MENORES 

No Brasil, estamos entrando na terceira semana de quarentena. Armários já foram arrumados, a casa foi limpa duzentas vezes e o tempo livre, que no começo parecia uma benção, afinal você tinha tanta coisa acumulada para fazer, começa a pesar. Temos tempo. O que não temos é a perspectiva de quando sairemos desse confinamento.

Para quem vive da música, como eu, as incertezas são a nova realidade. Repensar o mercado dos eventos ao vivo é como tentar acertar um dardo na mosca estando a quilômetros de distância do alvo, separados por uma chuva de granizo. Nem Nostradamus conseguiria entender como vai ser a experiência de um show ou festival ao vivo após o coronavírus. O que dá pra saber é que, no médio prazo, cenas de multidões cantando com seus celulares brilhando na escuridão, só em vídeos ou na memória.

Num desses devaneios enquanto limpava um vaso sanitário em casa, num daqueles momentos de crossfit da vida real da faxina, pensei que pode ter terminado na era pré-coronavírus a experiência dos grandes eventos ao vivo. Mesmo com a pandemia controlada, sempre virão outras. E o que foi mais abalado nessa crise, além, claro, da renda e dos empregos? A confiança de estar em público.

Justo agora que, em cidades como São Paulo, que recém-vivera seu maior Carnaval de rua, entre tantas outras aglomerações gratuitas e democráticas, a pandemia veio abalar a maneira como nos relacionamos com os outros. E a primeira reação a tudo isso é manter uma distância segura do desconhecido. Sentimento que sempre foi o que nos atraiu às delícias de nos esfregarmos no povaréu, de abraçar um vizinho de acotovelamento no gargarejo do show quando toca a sua música preferida, de pular junto e em grupo quando a cachaça lhe subir à cabeça. É triste pensar que isso pode ter acabado, mas pelo menos por um bom tempo, é fato que não vai voltar a acontecer.

Entre os muitos grupos de Whatsapp de música e cultura de que faço parte, a pergunta é a mesma: como vai ser quando essa fase passar. As teorias são muitas: eventos menores presenciais complementando uma grade de atrações (pagas ou gratuitas) online é uma das mais faladas. Casas de show de pequeno porte também são uma aposta recorrente, mas precisariam limitar a entrada de público para garantir uma “distância segura” entre as pessoas. Que fase essa de ter que pensar em distância segura, hein, humanidade!

Também durante minhas faxinas, penso que estamos na verdade tendo a chance coletiva de dar um reboot no sistema. De rever o que estamos fazendo aqui, afinal, para que correr tanto, para que acumular tanto, por que fazer eventos tão gigantescos e, principalmente, como podemos seguir adiante sem pensar que tanta gente não tem o comer todos os dias?

Li outro dia um texto do publicitário Nizan Guanaes, escrito da quarentena, isolado, por conta de ter testado positivo para o coronavírus. Ele, homem rico e poderoso, em meio à limpeza de maçanetas, pias, vasos, concluiu que sem uma preocupação real com o coletivo, não vamos sair dessa. Mesmo assintomático, ele resolveu se trancar em casa para não passar o vírus adiante. O fato de ele não ter uma diarista fazendo as coisas por ele me fez ter esperança, ou, mais ainda, desejar que outros tantos ricos e poderosos estivessem passando por uma epifania parecida, cada um limpando suas próprias privadas e doando um pouco de suas fortunas para quem precisa.

A parcela dos 1% mais ricos do mundo detêm mais do dobro da riqueza possuída por 6,9 bilhões de pessoas no mundo, segundo relatório global da organização não-governamental Oxfam publicado em janeiro deste ano. Fico eu aqui na minha quarentena, entre faxinas, planilhas e aulas para as filhas, pensando que esse vírus talvez tenha vindo para mudar a maneira como pensamos, agimos e enxergamos o próximo e isso seria uma proeza tremenda, apesar de tantas mortes e sofrimento.

“No meio do ódio, descobri que havia, dentro de mim, um amor invencível.
No meio das lágrimas, descobri que havia, dentro de mim, um sorriso invencível.
No meio do caos, descobri que havia, dentro de mim, uma calma invencível.
E, finalmente, descobri, no meio de um inverno, que havia dentro de mim, um verão invencível.
E isso faz-me feliz. Porque isso diz-me que não importa a força com que o mundo se atira contra mim, pois dentro de mim, há algo mais forte – algo melhor, empurrando de volta.”

Este texto, do escritor e ganhador do Nobel de Literatura Albert Camus, chegou no meu Whatsapp, lido por uma atriz argentina de quarentena em Paris. Achei perfeito. Que esse tempo aparentemente trevoso sirva como segunda chance para todos nós. Que a gente possa fazer um belo gim tônica deste limão!

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Shows na janela, lives, política. O que vai salvar a indústria musical? http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2020/03/23/shows-na-janela-lives-politica-o-que-vai-salvar-a-industria-musical/ http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2020/03/23/shows-na-janela-lives-politica-o-que-vai-salvar-a-industria-musical/#respond Mon, 23 Mar 2020 16:26:16 +0000 http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/?p=833 Se você não passou os últimos 20 dias na Lua, deve estar se perguntando o que o Coronavírus vai deixar como legado na sua área de atuação – e, mais ainda, na sua vida. Verdade que a doença chegou com os dois pés na porta em todos os campos profissionais, mas, no mercado da música, o baque foi (e vai ser por um bom tempo) gigantesco. Afinal de contas, esse é um setor em que basicamente tudo gira em torno de uma boa aglomeração, palavra que foi riscada do caderninho por tempo indeterminado.

Com o prognóstico do Covid-19 cada vez mais assustador, a profilaxia mais eficiente e séria é o isolamento coletivo e isso impacta diretamente quem vive da indústria criativa. Eu mesma fui diretamente impactada. Na quinta-feira, 12, eu e minha sócia, Monique Dardenne, soltamos comunicado avisando sobre o adiamento da WME Conference, que aconteceria nos 27, 28 e 29 de março em São Paulo. Felizmente, as perdas não foram muito grandes (algumas passagens já emitidas e não reembolsáveis), os patrocinadores toparam seguir com a gente na nova data sugerida (junho) e estamos remarcando com as mesmas artistas e profissionais.

No dia 13 de março, sexta, o Governo do Estado de São Paulo publicou decreto suspendendo todas as suas atividades presenciais: shows, peças, saraus, oficinas, festas. Desde então, exceto pela manifestação em prol do presidente Bolsonaro, que aconteceu no domingo passado (15), turnês, festivais e shows foram postergados, teatros foram fechados, aniversários e casamentos, jogados pra frente. Única atitude cabível em tempos de Corona.

Segundo pesquisa de Impacto Covid-19 do Data SIM, instituto ligado à conferência SIM São Paulo, mais de 16 mil profissionais foram diretamente impactados e cerca de 5 mil eventos de música no Brasil foram cancelados ou adiados, gerando um prejuízo em torno de R$ 400 milhões.

A realidade de quem vive de lotar casas de shows, teatros, estádios, clubes, ginásios esportivos etc. ruiu diante de uma doença que tem como maior catalisador a aglomeração de pessoas. Grupos de Whatsapp do mercado da música entraram em parafuso tentando se mobilizar para tentar achar saídas.

COMITÊ DE CRISE

A empresária Amanda Souza, que cuida das carreiras de Ana Cañas, entre outros artistas, articulou um grupo de profissionais na formação do Comitê de Crise da Música. Criado há poucos dias, o grupo já conta com mais de 300 membros do Brasil inteiro que se comunicam usando a plataforma Telegram. “O grupo nasceu para reunir pessoas para trocar informações e propor ideias sobre como fazer a cadeia ser minimamente rentável num momento em que o nosso trabalho está inviabilizado”, diz Amanda.

No grupo há produtores, donos de casas de shows, artistas, empresários, profissionais das redes sociais e da imprensa. “A ideia é nos mobilizar em nome do setor. A partir dessas trocas, a intenção é que o Comitê redija uma carta à secretária Regina Duarte, com medidas urgentes para tornar a vida dos profissionais menos angustiante nesses meses”, diz a empresária.

Entre as ideias do grupo estão o diferimento do recolhimento dos impostos, fomento direto para o setor da música, suspensão das contas básicas para músicos, seguro-desemprego para quem tem MEI na área da Cultura, entre outras. A carta aberta criada pelo grupo, em formato de petição online, foi publicada nesta segunda-feira (23) e pode ser assinada aqui. Além disso, Amanda tem buscado apoio de marcas para rentabilizar conteúdos online. Para participar do grupo, clique aqui.

FESTIVAIS EM CASA 

Numa sociedade viciada em internet e que tem a vida noturna como ponto de encontro ao vivo, o confinamento em casa, além dos impactos financeiros para quem depende disso para viver, tem impactos psicológicos também.

No intuito de manter a sensação de assistir coletivamente a apresentações ao vivo, foram criados em tempo recorde projetos bem interessantes. O festival Abre a Janela aconteceu no fim de semana (21 e 22) com shows online de Josyara, Filipe Catto, Ekena, Majur, Bia Ferreira, entre outros.
Josyara tocando no Abre a Janela

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a flor de maracujá

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Pensado por um coletivo de artistas, bookers e a rede Mídia Ninja, inspirados por um evento português, o festival Fico em Casa começa amanhã (24) e vai até sexta (27) transmitindo mais de 70 apresentações nas casas dos artistas. Entre os confirmados estão Luedji Luna, Dudu Nobre, Rennan da Penha, Bia Ferreira, Daniela Mercury, Rael, Maria Gadú, Urias, Adriana Calcanhoto, B-Negão, Emicida, Boogarins, entre outros. Siga o festival no Instagram e fique por dentro de todas as atrações.  

 

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Inspiradas pelo @festivaleuficoemcasa criado em Portugal, cantoras, intérpretes, compositores, artistas e bandas de todo o Brasil se uniram em uma rede de cuidado coletivo para romper o isolamento através da internet e criar um momento para recarregar as energias e se nutrir de cultura. Nestes dias críticos pra todo mundo, faça o possível para ficar em casa, que nós levaremos música e arte até você. De 24 a 27 de março serão mais de 60 apresentações únicas, em formatos inéditos e intimistas. Espalhe para as amigues e convide sua família, serão 40 horas para se cuidar…. Nas próximas horas você vai conhecer as atrações e a programação completa desse festival. #FestivalFicoemCasaBR #CuidadoColetivo #ArteCura #MúsicaSalva #ArtistasUnidos #FestivalemRede

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A gravadora Universal também lançou sua plataforma de shows caseiros, o Festival Música em Casa, com artistas como Sandy, Melim e As Bahias e a Cozinha Mineira. Os começaram dia 20 e vão até 29 de março. Conheça horários e line-up completo aqui.

Se você quiser mergulhar em shows internacionais, este link da revista Billboard traz um lista atualizada das apresentações que irão acontecer nos próximos dias. Hoje (23) por exemplo dá pra pegar um show da Miley Cyrus no Instagram.

Arte de divulgação do show de Miley Cyrus no Instagram

O formato não é novo, há anos estamos habituados a ver sessions com nossos ídolos no conforto de casa. A diferença é que agora assistir do sofá não é somente uma escolha, senão uma das poucas alternativas de entretenimento ao vivo. Outro projeto interessante é o Janelas de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultural de São Paulo. O projeto prevê a contratação de 8.000 shows dos mais diversos gêneros musicais para se apresentarem de janelas e sacadas da cidade, com disponibilização dos conteúdos online. O projeto integra o Cultura Presente, uma série de ações que visam diminuir o impacto da pandemia sobre os artistas. Além do Janelas de São Paulo, o programa prevê prolongamento de prazos contratuais para garantir pagamento aos artistas de eventos adiados e fomentos. Na sexta (20), quando foi divulgado, o festival sofreu críticas por ter anunciado seu investimento, de R$ 10 milhões. O edital Janelas de São Paulo foi alvo de uma Ação Popular e está temporariamente suspenso pela Justiça.

Alê Youssef, deixará a cadeira de Secretário de Cultura no próximo dia 2/5, está por trás das ações. Ele também lidera o Bloco da Cultura, um coletivo de articuladores que pretende botar a cultura no eixo central de desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Assistindo atentamente a toda essa movimentação, Pena Schmidt, um dos produtores musicais e ex-executivo de gravadora mais importantes do Brasil, acredita que “a música” vai dar a volta por cima. “Tem tudo pra dar certo, mas os músicos, os técnicos, o povo da graxa, da montagem, vão precisar comer. A comunidade é incrível e produtiva, mas totalmente desestruturada, sem lobby e perseguida politicamente”, diz Pena.  “Se o governo barroco sair do transe e irrigar a economia com dinheiro de helicóptero, que é o que o resto do mundo está fazendo, esse dinheiro vai correr pela internet, e a música vai estar lá, num bom lugar. Claro que muita gente vai ter que mudar sem perder o chão”, analisa.

AULAS ONLINE

Paulo Tessuto, criador da Capslock, criou um curso online de discotecagem

Pressionar governo é fundamental, mas leva tempo. Os boletos não param de pingar e é preciso botar comida na mesa. Muita gente já começou a ser reinventar, e olha que mal começamos a quarentena forçada. É o caso do DJ Paulo Tessuto, criador da Capslock, festa que movimenta cerca de 2.000 pessoas de público e quase 200 pessoas trabalhando a cada edição. Em tempos de Corona, ele lançou um curso online de discotecagem. O curso, dividido em quatro módulos, contempla equipamentos, técnica e percepção, técnicas de pesquisa e como desenvolver o seu próprio estilo, além de história da música eletrônica. O valor é R$ 1.200 e os interessados podem mandar e-mail para o professor. O produtor musical L_cio, nome muito querido das festas eletrônicas, também vai dar curso focado em finalização de músicas.

Além de cursos personalizados como os de Tessuto e L_cio, várias instituições disponibilizaram aulas online, muitas delas gratuitas. Uma ótima oportunidade para usar o tempo livre das próximas semanas aprendendo algo novo. A Harvard, por exemplo, liberou 100 cursos com emissão de certificado, em 14 áreas, história até artes e design. A FGV liberou 55 cursos nas áreas de negócios, veja a lista aqui. A Casa do Saber também liberou vários cursos, entre eles (acabei de me inscrever no de Música Popular, ministrado por Zuza Homem de Mello). O site Razões para Acreditar compilou uma lista enorme de serviços gratuitos que estão sendo oferecidos nesses tempos de corona, só clicar aqui.

Vamos sair dessa! Cuidem-se!

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WME Conference tem Céu, Dani Mercury e show surpresa de encerramento grátis http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2020/02/28/wme-conference-tem-ceu-dani-mercury-e-show-surpresa-de-encerramento-gratis/ http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2020/02/28/wme-conference-tem-ceu-dani-mercury-e-show-surpresa-de-encerramento-gratis/#respond Fri, 28 Feb 2020 17:36:55 +0000 http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/?p=810 Como superar uma premiação como foi a WME Awards 2019, cheia de artistas potentes, diversidade, espaço para tudo quanto é gênero musical e voz para profissionais da música de várias etnias e regiões do Brasil? Fazendo uma conferência que fosse a melhor de todas até agora. Foi com esse fator turbinado de pressão que eu e a Monique Dardenne pensamos na programação da 4a edição da WME Conference, que acontece em São Paulo nos dias 27, 28 e 29 de março e já tem ingressos à venda aqui.

Há quatro anos temos feito um evento que se reiventa a cada edição – ou pelo menos é a nossa tentativa. Trazemos novos formatos tanto para os painéis quanto para as intervenções artísticas e workshops. E este ano vamos também dar um salto quântico no domingo, tradicionalmente nossa festa de encerramento, gratuita e na rua. Em breve volto a falar desse domingo, mas o negócio é grande, viu.

Por enquanto vamos às informações confirmadas. Na parte dos shows, nosso objetivo sempre é fazer uma mistureba do novo com o clássico, de estilos, de backgrounds. E, este ano, os quatro shows da parte diurna da conferência, que acontece mais uma vez no CCSP, estão bem a nossa cara: dia 27 (sexta) tem duas deusas que há muito tempo almejávamos: Maria Rita Stumpf, compositora e intérprete brasileira nascida na serra gaúcha, que em 1988 lançou o disco Brasileira, álbum clássico, desses que DJs saem aos tapas para comprar no mundo todo. Em 2017, o disco foi relançado pelo selo brasileiro Selva, dos meninos da festa Selvagem, e a carreira da cantora voltou a bombar, especialmente para o público de música eletrônica. Naquele ano, ela se apresentou no festival Dekmantel, em São Paulo, e ganhou este minidocumentário produzido pela Selva Discos e Dead Pixel.

Maria Rita Stumpf – Brasileira 

Encerrando as atividades da sexta (27) teremos show da cantora Céu, que em 2019 foi madrinha da Conference e agora volta com show do novo álbum, Apká! Às vésperas de completar 40 anos, Céu lançou um dos discos mais consistentes da carreira e está com um show forte, ancorado em Apká! mas, claro, com os hits que nunca faltam em seus shows. Vale lembrar que, apesar da programação de painéis e workshops da Conference ser paga, os shows são gratuitos.

Céu – Corpocontinente 

No sábado, a programação de show está igualmente fortíssima e diversa. Começamos com a banda Rakta, uma das minhas favoritas do Brasil, fazendo seu rock de bruxa, como diz minha filha Luna, cantando em dialeto sobre uma sonoridade densa e hipnótica. Fechando as atividades musicais no CCSP estará a banda As Bahias e a Cozinha Mineira, das nossas manas Assucena Assucena e Raquel Virgínia, indicadas ano passado no Awards ao prêmio de Melhor Cantora.

Rakta ao vivo no KEXP

As Bahias e a Cozinha Mineira – Das Estrelas

Nos dois dias de CCSP, várias atrações surpresa irão costurar os conteúdos da programação, que atrai cada vez mais profissionais da indústria da música e curiosos sobre o assunto. Entre os painéis, workshops e shows, mais de 100 mulheres falarão sobre temas como podcast, tendências de consumo de música, sustentabilidade em eventos, tecnologia x saúde mental, tendências dos festivais brasileiros, entre outros assuntos que permeiam o universo da música, da tecnologia e dos negócios.

Um dos pontos altos da programação será o Q&A com a madrinha da WME Conference deste ano, Daniela Mercury. Durante quase duas horas, terei a responsabilidade de conduzir uma entrevista com a rainha do axé, com participação de perguntas do público. Esse papo promete. Veja abaixo alguns dos painéis e workshops confirmados.

Dias 27 e 28 de março no CCSP
Centro Cultural São Paulo

Painéis

> Literatura Musical; das partituras as prateleiras. O mundo todo está ouvindo mais música, mas cadeia mais livros sobre o assunto?

> Sustentabilidade na prática. Ações de pequeno, médio e grande porte capitaneadas por festivais brasileiros.

> Do Walkman à Núvem. Profissionais que vivem e respiram música falam de tendências de consumo para os próximos anos.

> Discografia WME – Artistas falam do nascimento da idéia até a concepção final de seus álbuns.

> Administração de crise – Quando a internet enlouquece em torno de um post, o que fazer?

> Festivais como Lançadores de Tendências. Captação de patrocínio, valor de ingresso em consonância com a realidade, ter ou não artistas internacionais, valorizar o artista local. São muitos os desafios dos festivais brasileiros, e a gente quer saber.

> Unidas pela Pista. Como coletivos de festas criam comunidades em torno de códigos, hinos e figurinos.

> Q&A com Daniela Mercury – Um bate-papo com a madrinha da edição 2020, a rainha do axé e dos nossos corações, Dani Mercury.

> Parece homenagem, mas é esteriótipo. Como a música retrata os indígenas.

>Tecnologia e Saúde Mental. Podemos transformar a avalanche de informacões que lotam nossas timelines diariamente em algo benéfico e menos maçante, pergunte-nos como.

> Meu palco, minhas regras. Quem toma conta da sua identidade artística?

Workshops

> Produção de Podcasts – Fabiana Lian (On Stage Lab)

> Ecad Apresenta: Descomplicando a Arrecadação e Distribuição de Direitos Autorais – Paula Novo (ECAD)

> Como criar conteúdo para Internet – Helen Ramos (HelMother)

> Discotecagem e Turntablism – DJ Cinara (Bi-campeã do Red Bull Thre3Style Brasil)

> Técnicas de Composição – Deh Mussulini e Bia Nogueira (Sonora)

> Marcas e Música – Sabe aquela ideia genial, aquele projeto de música que vicies sabe que vai emplacar com as marcas? Uma das mentes brilhantes à frente de agências de publicidade te dá a real sobre o mercado – Samantha Almeida (Head Of Content – Ogilvy Brasil)

Atividades :

> Ioga, Meditação e Música Eletrônica – Mari Rossi e Daniella Zylbersztajn

> Mentoria WIM – Sua Chance de absorver conhecimento de 12 profissionais de larga experiência no mercado da música. Tire suas dúvidas, busque referência, eis a sua chance.

> WME Talk Saúde Mental e a Música Pop com Amanda Ramalho

> CONHE|SÊLA. Quem seria interessante conhecer dentro de uma feira de negócios em música? Com quais mulheres poderia trocar experiências e construir futuras parcerias sólidas? CONHE|SÊLA sé uma releitura dos tradicionais speed meetings que vai além de uma reunião, incorporando conceitos de associação cognitiva, como a dinâmica e a performance. Através de uma inscrição prévia, mulheres do mercado respondem um questionários e passam por uma triagem antes de se conhecerem. No dia do evento a SÊLA coloca frente a frente mulheres que têm afinidades em seus perfis revelando suas potencialidades. Esse projeto foi criado por Camila Garófalo, idealizadora da SÊLA, em parceria com a analista compotamental Laura Faria e com a Performer Maria Moreira da coletiva Casarelas.

FESTAS WME

Como é tradição, temos três festas além das atividades do CCSP. Na sexta (27) à noite tomamos conta do Jazz nos Fundos, pelo quarto ano consecutivo, trazendo dois furacões da música brasileira, a dupla paraense Guitarrada das Manas, que eu vi de perto tocando no festival Se Rasgum, em Belém, e a baiana talentosíma Larissa Luz, que também assiste num festival fora de São Paulo pela primeira, o CoMa, em Brasília. Dois talentos que traduzem a atualidade da música brasileira, cada uma a seu modo.

No sábado (28), a noitada é eletrônica e mais uma vez num lugar parceiro que nos acompanha desde o primeiro ano, o clube Jerome. Este ano, são quatro DJs maravilhosas que irão fazer as honras da noite,  Marina Dias (22h ate 24h), Ella de Vuono (24h à 1h30), DJ Due (1h30 às 3h) e Cashu (3h às…).

A DJ Cashu, uma das criadoras da Mamba Negra, encerra da noite eletrônica do WME

Acreditamos na celebração como forma de consolidar um movimento e este ano o encerramento vai ser apoteótico. O que posso adiantar é que vai ser bem maior que nos anos anteriores, quando reuniámos cerca de 5.000 pessoas em frentes às Houses, na rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, em Pinheiros. Bem maior, com novos parceiros, um line-up fortíssimo e… gratuito!

Quer entrar nessa barca completa? Compre seu ingresso já, aqui.

Quer só esperar pelo domingão gratuito? Não tem problema, vai valer a pena.

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DGTL quer fazer as pazes com SP com line-up estelar e melhorias na infra http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2020/02/14/dgtl-quer-fazer-as-pazes-com-sp-com-line-up-estelar-e-melhorias-na-infra/ http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2020/02/14/dgtl-quer-fazer-as-pazes-com-sp-com-line-up-estelar-e-melhorias-na-infra/#respond Fri, 14 Feb 2020 20:41:41 +0000 http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/?p=799 Depois te tomar muita pancada nas redes sociais logo após o desfecho de sua terceiro edição em São Paulo, em maio passado, o festival holandês DGTL anuncia sua quarta edição com promessa de melhorar infra-estrutura e uma produção mais atenta às demandas do público brasileiro.

A edição de 2019 terminou como um pesadelo para o DGTL, como relatei neste post, depois que vídeos do dançarino  Loïc Koutana e de outros performers mostravam condições pra lá de precárias de seus camarins. O público também reclamou muito de pontos básicos da produção, como banheiros e filas gigantescas. Mais importante do que o anúncio de uma nova edição, quis ouvir o criador do festival, Jasper Goossen, sobre os planos para limpar a barra e voltar às pazes com São Paulo. 

“O DGTL está de volta à São Paulo depois de muito aprendizado com os erros e acertos e, também de conhecer mais o Brasil e os brasileiros. As três edições realizadas até agora foram positivas e acreditamos que o público em geral, gostou muito”, disse o holandês. “Ouvimos os fãs brasileiros através de uma pesquisa realizada com aqueles que foram em pelo menos alguma das edições do festival, para podermos conhecê-los melhor e entender o que funcionou e deveremos manter e o que não deu certo. Desta vez, escolhemos o Pavilhão do Anhembi por ser o único local que conseguimos garantir oferecer estrutura e condições adequadas para recebermos confortavelmente mais de 20 mil pessoas. O local já recebeu outros festivais de música eletrônica e conta com uma área de 25 mil metros quadrados que vamos utilizar para abrigar os palcos e instalações artísticas.

Para esta edição, vamos disponibilizar banheiros vips com fluxo de limpeza eficaz, além de ventilação adequada, mais bares e equipes espalhadas por pontos estratégicos, além de garantir atenção e tratamento cordiais de todo nosso staff para com público e artistas em geral. Também resolvemos estender a programação para 17h no total.

Sobre o caso do Loïc Koutana e outros performers, lamentamos profundamente o ocorrido e fomos escutá-los para entender o que havia acontecido. O DGTL é um festival inclusivo e sabemos da importância desses artistas para o Brasil e para a sociedade. Como forma de nos retratarmos, convidamos o Loïc para performar no DGTL Barcelona no ano passado, após a edição de São Paulo. E este ano ele vai estar conosco novamente.

Gostaria, em nome do DGTL, de agradecer a você, Claudia por este espaço, ao público brasileiro pelo carinho com o festival e a todos os artistas locais por contribuir para a evolução deste cenário”, finaliza Jasper Goossen.

Com certeza estaremos de olho, até porque o line-up anunciado é bem convidativo. Marcado para 1 de maio, o festival traz um mix de nomes novos com medalhões, como é o caso do alemão Paul Kalkbrenner, que há um bom tempo não vinha ao Brasil. Outra atrações clássica (e uma das que eu mais quero ver) é a dupla inglesa Orbital, formada em 1989 pelos irmãos Paul e Phill Hartnoll, considerados pioneiros em performances live para a música de pista, autores de  Chime, de 1989, considerado um hino durante o boom das raves e squat parties na Inglaterra no início dos anos 90.

Outro momento imperdível deve ser o back-to-back da francesa Jennifer Cardini com o alemão Ame, além de Steffi e Virgínia, conhecidas por comandarem os longos finais de semana do Panorama Bar (Berlim). E tem mais: o retorno da rainha do techno alemão Ellen Allien e seus conterrâneos Ben Klock e Marcel Dettmann. Se a lista terminasse aqui já valeria o ingresso, mas ainda tem a minha musa atual The Black Madonna (que set ela fez no Time Warp SP!), o inglês Dax J, o francês Agoria, e uma brasileirada que a gente adora: Renato Cohen, Victor Ruiz, Vermelho, Vermelho Wonder (live), Teto Preto (live), Barbara Boeing, Mari Herzer, Martinelli (live) e Tessuto, além do próprio Loïc Koutana, que irá lançar seu primeiro álbum no festival.

Se liga no line-up completo:

Agoria / Ame & Jennifer Cardini / Bárbara Boeing / Ben Klock & Marcel
Dettmann / Ben UFO / Dax J / Ellen Allien & Matrixxman / Gerd Janson /
Jeremy Underground / Julianna Cuervo / Len Faki / L`homme Statue / Malka
/ Mari Herzer / Martinelli (live) / Orbital / Paul Kalkbrenner / Rebekah /

Renato Cohen / Steffi & Virginia / Tessuto / Teto Preto / The Black Madonna
/Tom Trago / Vermelho / Vermelho Wonder / Victor Ruiz

DGTL Festival São Paulo 2020
Data: 01/05/2020
Horário: 16h às 9h
Local: Pavilhão do Anhembi – SP
Endereço: Avenida Olavo Fontoura, 1209 – Portão 1 – Santana, São Paulo –
SP, 02012-021
Ingressos: de R$ 125 a R$ 450

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O Barulho da Lua, biografia de Anderson Noise, ganha lançamento em BH e SP http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2019/12/14/o-barulho-da-lua-biografia-de-anderson-noise-ganha-lancamento-em-bh-e-sp/ http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2019/12/14/o-barulho-da-lua-biografia-de-anderson-noise-ganha-lancamento-em-bh-e-sp/#respond Sat, 14 Dec 2019 19:13:31 +0000 http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/?p=790 Se existe alguma dúvida de que o ofício de DJ também é cultura geral, convido vocês a lerem um pouco da bibliografia disponível em torno desses e dessas profissionais. Tenho contribuído com esses registros desde 2003, quando lancei Todo DJ Já Sambou – A História do Disc-Jóquei no Brasil, no qual tentei trazer uma panorama histórico desde os primórdios dessa movimentação no país, em 1958, através dos bailes de Orquestra Invisível de seu Osvaldo Pereira.

Dois anos atrás, lancei Ondas Tropicais, livro que conta a história da DJ Sonia Abreu, primeira do Brasil a segurar esse crachá, falecida há poucos meses. Meu terceiro livro também discorre sobre a vida de uma peça importante do quebra-cabeça DJ no Brasil. O Barulho da Lua – A História do DJ Anderson Noise (Natura Musical) ganha lançamento na próxima sexta-feira (20) em Belo Horizonte, às 18h, no Café com Letras Liberdade, no CCBB. Em São Paulo, o lançamento será dia 30 de janeiro, no Centro Cultural Olido. Mas vamos ao livro.

São mais de 30 anos de carreira retratados em uma obra que destaca a trajetória profissional de um dos principais nomes da música eletrônica no Brasil. Escrita ao longo deste ano, a biografia se ancora na vida do rapaz nascido numa família humilde em Belo Horizonte e que acabou se tornando um dos nomes mais relevantes da música eletrônica no Brasil. Foi um pouco como fazer um longa sessão de terapia com Anderson, que já teve momentos de auge, ali pelo meio dos anos 2000, e hoje segue vivendo de ser DJ num cenário que se renova a cada segundo. Tem momentos de alegria, de superação, de tristeza, fracasso, e um olhar com um filtro muito particular para o mundo.

Anderson Almeida, o Anderson Noise, trabalhava como pintor junto com pai para poder bancar seus discos desde os 7 anos

O Barulho da Lua mergulha na alma do DJ que, mesmo com pouco estudo, se tornou um patrimônio do techno no Brasil. O livro costura a história de Anderson com o desenvolvimento da cena noturna de Belo Horizonte, com registros sobre lugares que marcaram a cidade, como o mítico The Great Brazilian Disaster e o bar Drosóphyla, por exemplo. Anderson Noise foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento da música eletrônica em sua cidade natal, onde organizou mais de 40 grandes festas levando sua marca. Mas seu impacto foi sentido muito além de Belo Horizonte.

Ele foi pioneiro ao criar uma rádio online nos primórdios da internet (Rádio Noise, no UOL, de 2002 a 2017), antevendo o sucesso dos podcasts; teve um canal no YouTube antes dos youtubers bombarem (o primeiro canal de música eletrônica brasileiro semanal do Brasil, a TV Noise); montou o selo Noise Music (o
mais antigo selo de techno do Brasil), que lançou mais de 200 faixas. No auge da carreira, no ano de 2003, fez um set de encerramento histórico no Skol Beats, um marco para muita gente até hoje.

Além de ter tocado em praticamente todos os Estados brasileiros, Anderson ganhou o mundo e seu passaporte tem mais de 30 carimbos de países para onde levou seu som do barulho, entre os mais visitados, Inglaterra, onde chegou a manter residências, e Japão.

Renato Cohen, Anderson Noise e Mau Mau

Isso sem falar em coisas que a gente nem sonha que um DJ seria capaz de realizar, como tocar com orquestra na Sala São Paulo (a Bachiana Filarmônica, regida pelo maestro João Carlos Martins) ou ainda trabalhar com um de seus maiores ídolos, Milton Nascimento, que cantou uma das músicas da banda Nie Myer, que o DJ mantém com Lelo Zanetti e Henrique Portugal, do Skank.

O Barulho da Lua traça uma relação do mineiro com o satélite terrestre, já que Anderson nasceu no dia 21 de julho de 1969, poucas horas depois de o homem pisar na Lua. Com 168 páginas, o livro reúne depoimentos de pessoas que fazem parte da vida do DJ, coletadas em muitas horas de conversas, fotografias que ajudam a juntar as peças do quebra-cabeça de sua vida, mas que trazem muito a dizer sobre a identidade da cena eletrônica mineira.

No final do livro, um QRCode leva para uma playlist linda, com mais de 100 músicas que ajudam a contar a história do DJ. A edição é bilíngue, foi escrita em português e inglês. Anderson continua na ativa e está longe de querer pendurar os fones de ouvido. Tocou em outubro na Alemanha e se apresenta mensalmente em São Paulo, onde é DJ residente no D-Edge. Quem quiser prestigiar, é só chegar nos dois lançamentos e pegar um autógrafo 🙂

Festa de lançamento de O Barulho da Lua – A História do DJ Anderson Noise em BH
Data: 20 de dezembro
Horário: 18h às 22h
Local: Café com Letras Liberdade – CCBB (Praça da Liberdade, 450, Belo
Horizonte)
Classificação: Livre
Informações: (31) 99605-1155
Ingressos: Entrada gratuita
Preço do Livro: R$ 40

Festa de lançamento de O Barulho da Lua – A História do DJ Anderson Noise em SP
Data: 30 de janeiro
Horário: 19h às 22h
Local: Centro Cultural Olido (av. São João, 473, centro)
Classificação: Livre
Ingressos: Entrada gratuita
Preço do Livro: R$ 40

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WME Awards: Por que 1 prêmio de música para mulheres ainda é tão importante http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2019/12/02/wme-awards-por-que-1-premio-de-musica-para-mulheres-ainda-e-tao-importante/ http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2019/12/02/wme-awards-por-que-1-premio-de-musica-para-mulheres-ainda-e-tao-importante/#respond Mon, 02 Dec 2019 22:25:57 +0000 http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/?p=778 Nesta terça (3) acontece a terceira edição do WME Awards by Music2 – primeiro prêmio totalmente dedicado às mulheres do universo musical. Esta será a 3a edição da premiação e pelo primeira vez terá transmissão pelo canal TNT, a partir das 20h30. Já conhecida por seus shows, que misturam artistas e estilos bem diferentes, a premiação este ano vai passar pelo funk, sertanejo, pop, indie e culmina com homenagens a Gal Costa e Beth Carvalho

Antes de continuar o texto, sempre bom lembrar que sou uma das criadoras, ao lado de Monique Dardenne e Fatima Pissarra, portanto, sim, estou envolvida até a tampa.

Falemos sobre as apresentadoras e shows. A apresentadora oficial, desde o primeiro ano, é Preta Gil, e não podíamos estar mais felizes com seu trabalho, dedicação e carinho com o prêmio, isso sem falar no humor e na sagacidade com que o conduz. Só que no palco ela não está só. Recebe convidadas mega-ilustres para dividir a apresentação com ela e entrega prêmios. Este ano o elenco está fortíssimo, teremos no palco Fernanda Lima, Majur, Duda Beat, Negra Li, Gaby Amarantos, Valesca, Tássia Reis, Maria Beraldo, Tiê, Fátima Pissara, Cleo Pires, As Bahias e a Cozinha Mineira, Lei Di Dai, MC Tha, Ana Thaís Matos, Lorena Calabria, Anelis Assumpção, Sarah Oliveira, Lan Lanh, Mayra Maldijan, Florência Saraiva, Karina Buhr, Roberta Martinelli, Titi Muller, Taciana Barros, Debora dos Falsetes, Paula Lima, Karol Conká e  Mariana Aydar. Um paredão de minas desses!

Como estaremos no canal das premiações, claro que vamos ter Red Carpet! E a transmissão da TNT terá como âncoras a modelo Carol Ribeiro, responsável pelas transmissões internacionais, como o Oscar, e a cantora Karol Conka. Também teremos uma transmissão especial pelo Youtube do canal, com a DAY.

Karol Conka vai fazer entrevistas do Red Carpet junto com Carol Ribeiro

Os shows estão bem especiais também e dou aqui a lista das cantoras e featurings que teremos ao longo das duas horas de prêmio:

Pitty

1º Show | Música – Noite Inteira | Artista: Pitty

 

2º Show | Não Sou Obrigada / Injeção / Ao Som de 150  |

Artistas: Pocah, Deize Tigrona e MC Rebecca

 

3º Show (Homenagem Beth Carvalho) | Músicas: As Rosas Não Falam / Folhas Secas / Vou Festejar |

Artistas: Luana Carvalho, Nilze Carvalho, Mãeana

 

4º Show | Músicas: Sou Yabá / Coreto |

Artistas: Luiza Lian e Céu

 

5º Show | Músicas: Resistência / Mãos Vermelhas |

Artistas: Katu Mirim e Kaê Guajajara

 

6º Show | Música: Para, Pensa e Volta e Eliane.

Artistas: Yasmin Santos e Luiza Sonza

 

7º Show | Música: Bixinho / Xanalá |

Artista: Duda Beat e Gaby Amarantos

8º Show (Homenagem Gal Costa) | Músicas: Barato Total, Vaca Profana e Brasil |

Artista: Ana Cañas, Preta Gil, Cleo, As Bahias e a Cozinha Mineira, Aíla.

Notou que tem de funk (e que importante vai ser essa representatividade logo após o que aconteceu no Baile da 17 no último fim de semana) a sertanejo? De rock a MPB? Do samba ao pop que atraca milhões de views? Isso sem falar na banda, uma senhora banda dos sonhos, com instrumentistas de altíssimo nível: Simone Sou na bateria, Lana Ferreira no baixo e synth, Aline Falcão no teclado, synth e sanfona, Tamima Brasil na percussão, Natalia Ferlina na guitarra e violão e a diretora/maestra Monica Agena, uma das melhores guitarristas do Brasil que assumiu os arranjos e coordenação da banda.

Temos feito um percurso de divulgação que inclui idas a algumas rádios, entrevistas por telefone, e-mail e algumas presenciais. Invariavelmente nos perguntam por que fazer um prêmio dedicado às mulheres da música. Hoje mesmo na Jovem Pan, encontrei meu ex-chefe, Tutinha Carvalho, que me fez justamente essa pergunta.

A resposta é sempre a mesma, mas eu tenho usado jeitos diferentes de falar. Enquanto a mulher for tratada como um ser humano que pode ganhar menos dinheiro, for testada a todo momento para provar que é capaz de cumprir suas tarefas profissionais, for legitimado o acúmulo de tarefas no trabalho e em casa sem que haja uma divisão justa, enquanto se esperar de uma artista que ela seja obrigada a usar roupas sexy para se dar bem, entre tantas outras coisas que desequilibram a balança entre gêneros, vai ter que ter sim premiação para mulheres.

E o nosso jeitinho de passar essa mensagem é fazendo uma celebração que à primeira vista é entretenimento puro, mas é só futucar um pouquinho pra entender que é o que queremos é quebrar os padrões estabelecidos e fazer com que, finalmente, ser mulher seja algo, assim, normal. Quem sabe no futuro não mudamos o nome da nossa plataforma para People’s Music Event.

Veja aqui os nomes das artistas e profissionais confirmadas na premiação.

 

 

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Time Warp volta a São Paulo com moral para duas noitadas de muito techno http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2019/11/15/time-warp-volta-a-sao-paulo-com-moral-para-duas-noitadas-de-muito-techno/ http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2019/11/15/time-warp-volta-a-sao-paulo-com-moral-para-duas-noitadas-de-muito-techno/#respond Fri, 15 Nov 2019 21:14:16 +0000 http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/?p=768

Chegou o final de semana de Time Warp, o festival alemão que retorna ao Brasil pra sua segunda edição e acontece nos dias 15 e 16 de novembro no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo.

Em 2019 o festival comemora 25 anos de história e promete muito techno e house, visuais tecnológicos e sistema de som impecável nesses dois dias de festa.

Foto por @fernando_sigma

São mais de 20 atrações num mix de brasileirxs e gringxs, incluindo nomes como: Honey Dijon, DJ Koze, Anna, Ricardo Villalobos, Black Madonna, L_cio, RødHäd, Eli Iwasa, entre outros. No Brasil, o festival é representado pela agência Entourage, que administra carreiras de artistas como Vintage Culture, L_cio, Gabriel Boni e muitos outros. Para saber um pouco mais sobre esse segundo ano do Time Warp por aqui conversei Marcelo Arditti e Guga Trevisani, sócios da agência.

O Time Warp chegou com muita força no Brasil e tem construído uma reputação muito forte com a galera do techno. Como é feita equalização entre DJs brasileiros e internacionais no line-up, a curadoria é feita a quantas mãos?

Guga e Arditti – A construção do line-up é feita a quatro mãos, entre os organizadores brasileiros (Entourage) e a alemã Cosmopop. Nós buscamos um equilíbrio entre os principais nomes da cena mundial e artistas nacionais que exercem um excelente trabalho musical, afinal o festival acontece aqui e é de suma importância que os brasileiros tenham seu espaço.

Qual foi a maior surpresa positiva que os organizadores tiveram com relação ao Brasil?

Guga e Arditti – Recebemos muitos elogios relacionados ao nível de entrega do evento, operação geral e comunicação com o público. Os organizadores alemães também se surpreenderam com o tamanho da cena brasileira.

Qual é a leitura do mercado feita a partir do resultado de público da primeira edição e expectativa de vendas para esta segunda edição?

Guga e Arditti – O mercado brasileiro de techno e house está passando por uma evolução muito positiva e abrangendo uma quantidade cada vez maior de pessoas. É claro que isso se reflete em uma expectativa cada vez maior em relação ao nível de qualidade dos eventos e festivais que envolvem esses gêneros. Com relação à segunda edição do Time Warp no Brasil, acreditamos que conquistar a confiança do público em 2018 foi um fator essencial para o sucesso do festival neste ano.

Foto por @fernando_sigma

TIME WARP BRASIL 2019

Sexta, 15/11, a partir das 18h
Line-up: Amelie Lens – Anna – The Black Madonna – DJ Koze – Ricardo VillaLobos – Richie Hawtin – RødHäd – Eli Iwasa – Gop Tun Djs – Millos Kaiser – Rhr – Tessuto

Sábado, 16/11, a partir das 18h
Line-up: Axel Boman – Blond:ish – Denis Sulta – Honey Dijon – Jamie Jones – L_cio – Pan-Pot – Peggy Gou- Davis – Fatnotronic – Renato Cohen – Trepanado

Sambódromo do Anhembi
Ingressos: a partir de R$210 no Eventbride
Evento do Facebook 
aqui.

 

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O rolê que você precisa fazer em SP: a rua Dom José de Barros e seus bares http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2019/11/14/o-role-que-voce-precisa-fazer-em-sp-a-rua-dom-jose-de-barros-e-seus-bares/ http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2019/11/14/o-role-que-voce-precisa-fazer-em-sp-a-rua-dom-jose-de-barros-e-seus-bares/#respond Thu, 14 Nov 2019 21:19:43 +0000 http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/?p=744 Desde maio deste ano, quando comecei a trabalhar no Centro Cultural Olido, a rua Dom José de Barros entrou no meu cotidiano. Essa rua já me encantava pelo histórico, um lugar onde o hip hop nasceu e o reggae criou raízes ao longo dos últimos 30 anos.

Nos início dos anos 1980, a esquina da rua 24 de Maio com a Dom José começou a ser frequentada por uma galera que buscava no calçadão de pedras portuguesas um palco para dançar. Ali, dançarinos de break, DJs e pixadores começaram a se encontrar todos os dias, criando a semente da cultura urbana regada no molho do hip hop.

Nelson Triunfo nos idos de 1983 no início da rua 24 de Maio

A Dom José e seu entorno começaram a virar palco para uma turma que se vestia diferente do padrão da época, tinha suas gírias próprias, levava seus radiões (boomboxes) a tiracolo e dançava muito. Entre as figuras locais, o dançarino pernambucano Nelson Triunfo e sua crew Funk Cia começaram a mandar no pedaço. A fama correu à boca pequena e em 1984 lá estavam Nelson e seus parças da dança fazendo a tal coreografia de “robozinho” na abertura da novela Partido Alto, da Globo.

Nelsão foi uma das figuras que eu comecei a ver quase que diariamente. Com o começo das atividades de DJs e festas na Olido, ele virou figura frequente na nossa pista de dança (uma honra). Comecei a desbravar a Dom José nos finais de tarde e perceber a maravilhosa diversidade de seus frequentadores.

O Quartinho da Void, por onde passam DJs e coletivos dos mais diversos de São Paulo

Em frente à Void, misto de loja e bar que abriu filial na Dom José em dezembro de 2018, a galera se organiza em grupinhos nos finais de tarde e usa caixas de fruta posicionadas na vertical como mesinha para colocar a cerveja. Ali o fervo atrai uma galera de visual que vai do “tropical de pochete”, com shorts curtinho e camisa florida (quem nunca viu o “Didi da Void”, por favor, clique aqui) até looks imponentes em que o afrofuturismo dá o tom. Não é raro ver verdadeiros paredões de turmas que chegam montadíssimas para tomar a cerveja diária no final de tarde em frente à Void. O mais legal do bar é que a programação é intensa aos finais de tarde, quando um line-up de DJs sempre interessante começa a tocar no Quartinho, uma espécie de laje montada na parte superior da loja. Mas o funcionamento da Void começa bem cedo, com o almoço no bandeijão, que custa R$ 19,90 e tem opções vegetarianas todos os dias.

Falando em comida, na mesma galeria onde está a Void funciona o delicioso Subte, um vegano onde é possível almoçar enquanto se escuta algum dos vinis da ótima coleção do proprietário da casa, o Paulo. Para quem quiser conhecer a Dom José, a dica é vir cedo e pegar o almoço por lá.

Fervo na Dom José de Barros: reunião de diferentes galeras que se reúne para tomar cerveja e ouvir um som

Do lado da Void, o Churrasco Central serve seus espetinhos e drinks gostosos e recebe semanalmente a galera do pixo, que se reúne por ali e, enquanto toma cerveja, vai rabiscando suas tags em pedaços de papel e guardanapos.

Lá no Central é possível experimentar o drink Pai Veio, uma homenagem a uma das lendas da rua.

Pai Veio é um faz-tudo  que tem um escritório que fica logo em frente do Central, no número 277 da Dom José. Ele é responsável por boa parte das pequenas obras da rua e, na fachada de sua loja, tem uma foto de Bezerra da Silva e vários símbolos da folha da maconha. Não poderia existir um serralheiro, eletricista, pedreiro e encanador que fosse mais a cara da Dom José de Barros do que o Pai Veio.

O pixo é uma assinatura da Dom José

Um pouco mais adiante, ainda no mesmo quarteirão, inaugurou em outubro o VGLNT, ou Vigilante, um bar com cara de clubinho com uma programação que reúne festas e DJs do underground, reggae e até de música brasileira. E dezembro o espaço vai receber Bandida Coletivo, Chernobyl, Vibe e Versality, entre outros núcleos. Para quem viveu intensamente a noite de São Paulo no final dos anos 90 para o início dos anos 2000, talvez o novo point da Dom José vá lembrar a Torre do Dr. Zero, ou ainda o porão/pista de dança do primeiro Susi in Transe.

A pista fervida do recém-inaugurado VGLNT

Fato é que a programação está supercaprichada, os drinks são bons e tem um sofá na laje com uma vista panorâmica da rua, além do bom papo dos proprietários, o DJ e louco por sintetizadores Roger Multiuse e o fotógrafo e videomaker Lucas Janarelli.

O Rei do Prato Feito, bar e lanches que vira baile

Se o seu rolê é black music de raiz, o seu compromisso com a Dom José começa no final da tarde, no happy hour do Rei do Prato Feito. Durante o dia, o lugar é um bar e lanches como tantos outros do centro. Quando a noite cai, ele se transforma em bailão. Às quintas, DJs mandam ver no samba-rock, e o espaço na frente do bar fica pequeno para casais que se aventuram a dançar agarradinho. Às sextas o som se volta para os bailes black dos anos 70 e 80, e a turma capricha nos passinhos ensaiados, frequentemente liderados pela maior entidade da rua, Nelsão Triunfo.

Imagem sem data definida mostra uma Dom José bem mais arrumadinha e já marcada pela cultura urbana

Mais para o final da rua, a Dom José ainda tem vários bares na calçada, onde rola uma verdadeira batalha de estilos musicais – cada boteco fica responsável pelo seu – que vão de funk a pagode. Convivendo harmoniosamente com tudo isso está o belíssimo Sesc 24 de Maio, com seu prédio imponente, de programação idem, também conhecido por ter a cantina com melhor custo-benefício para quem trabalha ou está passeando pela região.

SESC 24
R. 24 de Maio, 109
Entrada também pela Dom José de Barros

VGLNT
Cabine Club no Vglnt
Sábado, 16 de novembro, a partir das 20h
Line-up: Ana Flavia _______ Residente
João Nogueira_______ Master Plano
Cecilia Lindgren________ LindaGreen
Andrea Gram____________ Referência
rogermultiuse____________ VGLNT
Quanto: R$ 15
Rua Dom José de Barros, 253

VOID CENTRO
Talaricas Queer – Brota Mucilon
Sexta, 22 de novembro, a partir das 18h
Line-up:
+ DJ LINO
+ DJ BASSAN
+ ERIC OLIVEIRA
+ TALARICAS QUEER
Rua Dom José de Barros, 297
Quanto: grátis

CHURRASCO CENTRAL
Rua Dom José de Barros, 277

REI DO PRATO FEITO
Rua Dom José de Barros, 163

CENTRO CULTURAL OLIDO/GALERIA DO DJ
Av. São João, 473, entrada pela rua Dom José de Barros
Sexta, 15 de novembro, 18h às 21h – Happy Hour com a festa Solta o Bass – grátis
Sábado, 16 de novembro, 20h – Show Rico Dalasam – grátis
Domingo, 17 de novembro, Baile em Chernobyl, 16h às 21h – grátis

SUBTE VEGAN
Rua Dom José de Barros, 301, Mezanino, loja 7
(11) 3337-7312

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Algumas lições que a música eletrônica nos ensinou no SP na Rua http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2019/10/09/algumas-licoes-que-a-musica-eletronica-nos-ensinou-no-sp-na-rua/ http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2019/10/09/algumas-licoes-que-a-musica-eletronica-nos-ensinou-no-sp-na-rua/#respond Wed, 09 Oct 2019 21:49:15 +0000 http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/?p=732 Quem me lê neste minuto deve estar pensando que timing não é meu forte, afinal, escrever sobre um evento que aconteceu no final do mês passado não é bem obedecer ao calor do noticiário. Apesar de já terem corrido quase 10 dias desde o SP na Rua e a Semana de Música Eletrônica, achei importante listar e registrar alguns fatos e pensamentos que levaram um tempo para sedimentar no meu hipotálamo.

1) Música eletrônica para todos os bolsos 

Pra começar, esses dias me reafirmaram a importância da música eletrônica nesta cidade e a certeza de que “o fervo também é luta” (tema de uma das mesas de debates realizadas durante a Semana de Música Eletrônica, aliás). Na noite do SP na Rua, dia 28 de setembro, mais de 50 mil pessoas transformaram as ruas do centro da cidade em pista de dança, distribuídas em pontos de festas gratuitas que tocavam de reggae/dub a techno. Na mesma noite, não muito longe do Centro, a festa alemã Photon, realizada em parceria com o núcleo paulistano Tantsa, reuniu 4.200 pessoas dançando ao som de Ben Klock, Marcel Dettmann, FJAAK live, Eli IwasaAmanda Mussi. Som, produção e cenografia de qualidade a ingressos entre R$ 60 e 180. Música eletrônica em São Paulo é para todos os gostos e bolso.

Público que lotou a Photon, festa fechada que aconteceu no mesmo dia do SP na Rua

2) Gêneros da moda? Em SP não tem essa

Aproveitando para falar sobre gêneros dentro da música de pista, foi lindo ver q força de dois gêneros que, apesar de não estarem na mídia, vão muitíssimo bem, obrigada. Durante a Semana de Música Eletrônica, foi uma surpresa ótima ver a festa Trance de Rua LOTANDO a Vitrine da Dança, no Centro Cultural Olido, em plena quarta-feira final de tarde. O trance, um dos gêneros da música de pista mais cultuados nos anos 90, continua vivíssimo! Outra boa surpresa foi ver a Forbass & Tendence, festa de drum’n’bass que também teve uma edição dentro da Semana, com lotação esgotada, e fãs dançando aos pulos o set de um de seus ícones, o DJ Andy.

Abaixo, o público cantando junto na Forbass & Tendence 

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Uma publicação compartilhada por Centro Cultural Olido (@ccolido) em

3) A volta dos Cybermanos 

A galera que curte as festas de hoje prestigiou a abertura da exposição Cybermanos, de Fabio Mergulhão

Foi durante a abertura da exposição Cybermanos, do fotógrafo Fabio Mergulhão, que me deu esse clique. Quem viveu a noite de São Paulo intensamente do final dos anos 90 até o início dos anos 2000 se lembra dessa turma que cultuava DJs como Mimi e Erick Caramelo e se vestia como o ídolo Keith Flint, do Prodigy. Era uma galera visionária, que exercia sua voz através de suas roupas, músicas e atitude. Quem sai hoje e frequenta festas como Capslock, Mamba Negra e tantas outras verá um paralelo entre a galera que sai montada hoje e os cybermanos dos anos 90/2000. A mesma inquietação, a mesma vontade de protestar contra o status quo (que, aliás, todo mundo deveria ter a essa altura), aliada, nesta fase atual, a uma libertação total quanto a questões sobre gênero. Como escreveu o próprio Mergulhão no texto de abertura de sua mostra, São Paulo é uma cidade cybermana. Olhai por nós, Keith Flint.

4) Música eletrônica de guerrilha 

Um dos palcos mais movimentados do SP na Rua foi o da Vampire Haus (que reuniu também as festas Techno de Rua e Jaca + Ghost). Montado de frente para o Teatro Municipal, foi dali que a DJ e produtora Suzana Loki fez seu discurso inflamado diante de dançarinos enlouquecidos. Ela mostra e faz parte de um grupo gigantesco de pessoas que trabalham incansavelmente pela música eletrônica na cidade, muitas vezes sem sequer conseguirem uma remuneração por isso. É muito amor, gente. Reproduzo um trecho de seu discurso aqui.

Ver essa foto no Instagram

 

Uma publicação compartilhada por Casal Belalugosi (@casalbelalugosi_vampirehaus) em

“PARA MIM QDO TEM UM SP NA RUA, MAIS DO QUE QUALQUER COISA, E INDEPENDENTEMENTE DE QQUER COISA, VEJO COMO UMA GRANDE OPORTUNIDADE,  IMPORTANTÍSSIMA. É A HORA QUE OS HOLOFOTES ESTÃO NA NOSSA CARA PARA FALAR DE MANEIRA OFICIALIZADA PARA O PODER PÚBLICO E PÚBLICO EM GERAL QUE A GENTE VIVEEEEE E RESISTE, CUSTE O QUE CUSTAR. VAI ALÉM DO ENTRETENIMENTO SIMPLES. ESTAMOS AQUI HOJE NA FRENTE DO TEATRO PARA CONTAR QUE ESSA NOITE É APENAS MAIS UMA, DENTRE TODO O TRAMPO QUE FAZEMOS TODOS OS OUTROS DIAS DO ANO, MÊS A MÊS, NOS ÚLTIMOS SEIS ANOS.

E TAMBÉM ANUNCIAR QUE VAMOS CONTINUAR FAZENDO. E QUE NÃO VAMOS DESISTIR NUNCAAAA DA CIDADE. INDEPENDENTE DE GOVERNO, AUTORIDADE, POLÍCIA, LADRÃO. ESTAREMOS SEMPRE AQUI, RESISTINDO. FIREEEEEEE”

5) Performance como forma de arte

Depois de muita luta, a VJ arte foi incorporada na música eletrônica como algo sem o qual fica faltando um pedaço da festa. É chegada a hora de consolidar as performances. No SP na Rua lá estava essa forma de arte, personificada de diversas formas. A arte de performar vai além de vestir um look escandaloso e dançar em cima de “queijos” e praticáveis. A performance hoje traz a alma da festa, seu espírito encarnado na forma de artistas andróginos, que procuram expressar em carne e osso a felicidade, o escapismo, o tapa na cara da segunda-feira que todo mundo (ou boa parte) na pista de dança está sentindo.

Sinta o vrá do leque da performer Valentina Luz 

E aí, qual foi o legado do SP na Rua e da Semana de Música Eletrônica pra você?

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Como encaixar 1.200 festas numa noite? O drama da curadoria do SP na Rua http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2019/09/27/como-encaixar-1-200-festas-numa-noite-o-drama-da-curadoria-do-sp-na-rua/ http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/2019/09/27/como-encaixar-1-200-festas-numa-noite-o-drama-da-curadoria-do-sp-na-rua/#respond Fri, 27 Sep 2019 23:25:17 +0000 http://claudiaassef.blogosfera.uol.com.br/?p=718

O e-mail acima foi enviado pela minha academia e me fez lembrar o perrengue que foi o último mês com dois eventões encavalados, além das tarefas normais do meu dia a dia: Semana de Música Eletrônica de SP e SP na Rua. Sobre a Semana, já falei bastante no meu último post, então agora é a vez contar um pouco sobre o processo de curadoria do “essepê”.

Um breve prólogo para quem não conhece ou nunca foi a um SP na Rua. Trata-se de uma espécie de Virada Cultural, só que menor, e construída apenas por núcleos que fazem festas em São Paulo. Como indica o nome, todos os coletivos precisam ter ou já ter tido algum envolvimento com a rua e, se forem pagos, que sejam praticados valores na faixa de R$ 10.

Ao longo de seis edições, o SP na Rua se consolidou com a melhor noite do ano para quem gosta de música eletrônica em seus mais diversos invólucros; do techno ao dub; do pop ao experimental. Foi palco de encontros lindos entre coletivos consagrados, como Mamba Negra e Capslock, mas também abriu espaço para novos núcleos, especialmente os que atuam na periferia, mostrarem seus trabalhos em palcos espalhados pelo Centro da cidade.

Neste ano de 2019, fazer um evento como o SP na Rua é mais do que uma oportunidade de curtir o rolê, é uma afirmação de que a música eletrônica é uma cultura totalmente referendada pela cidade, pela Secretaria de Cultura. Ou seja, se ainda há quem pense que o fervo é bagunça, eis aí um recado da Prefeitura de que não é bem assim, não.

Sylvia, Karen, Arturo, eu, Tessuto, Xis e Bea

Fui convidada para integrar a comissão de curadoria do evento este ano ao lado de outras pessoas que entendem muito de festa de rua: o DJ Paulo Tessuto, a produtora cultural Karen Cunha (uma das mães da ideia inicial do SP na Rua), Arturo (Batekoo), Xis e Sylvia Monasterios e Bea Cyrineo, ambas do setor de Programação da Secretaria de Cultura.

Já no segundo ano de SP na Rua foi aberto um chamamento para que os coletivos se inscrevessem e, naquele ano de 2015, foram feitas 290 inscrições. O evento ganhou status e a notícia correu entre os núcleos e em 2019 esse número pulou para mais de 1200 inscrições de coletivos buscando uma vaga no evento. Por conta de uma redução no orçamento, o evento encolheu de 24 para 16 pontos de festa, então a missão de escolher quem entraria foi tão prazerosa quanto estressante. Sem contar a responsabilidade envolvida.

Desde que começamos a nos reunir, em agosto, pensamos em trabalhar com algumas notas de corte, já que o número de inscrições era tão grande: contemplar festas que realmente acontecem ou já aconteceram na rua e escolher festas de preços acessíveis. Dada a complexidade do tetris que tínhamos pela frente, foram muitas horas fritando os neurônios até chegar à composição final. Muita festa boa ficou de fora, é verdade, e por conta disso houve um tanto de reclamações e bate-bocas pela internet. Mas, quando se está diante de tamanho dilema, às vezes é preciso cortar o braço para salvar o resto do corpo.

“O principal critério utilizado foi a priorização absoluta de coletivos que fizeram eventos de rua em 2019. Afinal, o sp na rua é um encontro de coletivos de rua. Festa de rua acontece na rua. Não adianta dizer que é coletivo de rua e passar anos sem fazer nada do tipo”, escreveu Karen Cunha num post no Facebook. “Para completar e deixar tudo mais diverso incluímos também algumas festas que acontecem em lugar fechado, mas com acesso gratuito ou até 15 reais. Dando enfase as que nunca estiveram no SP na Rua ou acontecem nas periferias. Temos 2 exceções à esta regra: Uma por ter um membro na comissão curadora e um outra pela importância histórica na difusão da música eletrônica autoral e representatividade feminina”.

A notícia do falecimento da DJ Sonia Abreu nos atingiu num dia em que estava marcada uma de nossas reuniões. No mesmo dia, decidimos que faríamos uma homenagem a ela, com direito a Kombi e um line-up de DJs em homenagem à sua rádio ambulante, Ondas Tropicais.

Além de alguns coletivos que ficaram de fora e demonstraram fortemente sua insatisfação nas redes, outro fato gerou polêmica: a participação de dois estabelecimentos privados como parte da programação. “Não acho absurda a adesão de 2 estabelecimentos que ficam no perímetro do evento, têm programação regular gratuita e estão arcando com seus próprios custos. No lugar deles não teria nada se eles não estivessem lá, fora que estão contemplando outros artistas que também fazem parte dessa cena”, escreveu Karen Cunha no seu post.

Resumo da ópera é que o trabalho para escolher o que você verá amanhã ao longo de 10 horas de festa foi extenuante, estressante, mas tá lindo demais! Então, se liga nas atrações, escolhe um look confortável e quentinho, porque na madrugada esfria mesmo, muito cuidado com seus pertences, beba muita água, coma alguma (ou pelo menos tente) e curta muito com os amigos!

Para quem quiser me dar um oi, estarei entre os palcos do Dia da Música Eletrônica de SP, no Largo Paissandu, e na homenagem à Sonia Abreu, rua Bráulio Gomes.

Das 20h até as 8h deste sábado, o Centrão é nosso e ninguém tasca!

Terremoto Sound System + Africa Mae Do Leao Sistema de Som + Zion Gate Sound System
RUA 24 DE MAIO, 62

Feminine Hi-Fi + PATA do LEÃO
RUA 24 DE MAIO, 247

BATEKOO SP + Baile em Chernobyl + Bandida Coletivo
RUA BARÃO DE ITAPETININGA, 298

Desculpa Qualquer Coisa + Festa MEL + Baile do Risca Fada
RUA 7 DE ABRIL, 386

Trava Bizness+ Festa Amem + House Of Zion Brasil + AZAGATCHA
RUA DOM JOSÉ DE BARROS, 40 – 55

Fiebre en la Selva + Boteco Pratododia + Baile dos Ratos
RUA BRÁULIO GOMES, 22 – 36

ᴘᴏʀᴏs + Carlos Capslock + CALDO
PRAÇA DAS ARTES

Vampire Haus + Techno de Rua + Jaca. + GHOST SP
PRAÇA RAMOS DE AZEVEDO, 131

Calefação Tropicaos E ONDAS TROPICAIS: HOMENAGEM À DJ SONIA ABREU
RUA BRÁULIO GOMES, 163

Helipa LGBT + Crash Party + Perifa no toque
RUA MARCONI, 82

MAMBA NEGRA + BLUM + MARSHA+ SINTETICA
RUA BARÃO DE ITAPETININGA, 78

Applebum Brasil X Dominação – A Batalha + SKRR SKRR+ GRAJAÚ – RAP CITY – SP x Arena do Flow
RUA CONS. CRISPINIANO X SETE DE ABRIL

DIA DA MÚSICA ELETRÔNICA
LARGO DO PAISSANDÚ

Veneno + Apartamento 21 + A Onda Errada + Roda de Sample
GALERIA OLIDO (AV. SÃO JOÃO, 473)

AUDIOVISUAIS

Coletivo Coletores apresenta Graffiti Digital Cidade Risco
Irmãs Lumièrra
Estúdio Laborg apresenta Orl_02
Imersão Urbana

ADESÕES

QUARTINHO Void
RUA DOM JOSÉ DE BARROS, 301

PALCO Mandíbula
PRAÇA DOM JOSÉ GASPAR

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