Com público de 6.000 pessoas, WME mostrou força da mulher no palco e além
Domingo (24), quando a banda Carne Doce tocou sua última música na festa de encerramento da terceira edição da WME Conference, e a maratona finalmente terminou, caiu uma ficha pra mim: existe esperança de que, um dia, a desigualdade entre gêneros se torne um assunto tão obsoleto que um evento chamado Women's Music Event deixe de fazer sentido. O mais bizarro é que sou uma das criadoras do WME, e mesmo assim torço pra que no futuro a gente entenda que o nome não tem mais razão de existir.
Durante o último fim de semana, de 22 a 24 de março, o Centro Cultural São Paulo, o Club Jerome, o Jazz nos Fundos e a House of Bubbles foram palco da terceira edição da conferência, evento focado em música, negócios e tecnologia, onde a mulher tem protagonismo nos palcos e também no backstage. Entre os painéis, workshops e shows, mais de 6.000 pessoas estiveram presentes nos três dias de evento. Entre as atrações (artistas e palestrantes), foram quase 100 mulheres profissionais da música e, no backstage, trabalhando como produtoras, roadies e técnicas de som, foram 39 mulheres.
Com a proposta de ser cada vez mais plural, a terceira edição da conferência contou com um número maior de participantes trans, negras e refugiadas, não só na programação musical, que teve artistas como Paula Lima, Josyara, Linn da Quebrada, Anelis Assumpção, Lei di Dai e Mahmundi, mas também como parte integrante da equipe de produção e palestrantes.
A WME Conference abordou discussões sobre gênero, sustentabilidade, composição artística, entre outros temas, e, não por acaso, os painéis com o maior número de público foram: O Feminino além do RG, com a presença de Ledah Martins, Mulher Pepita, Candy Mel e Raquel Virgínia (As Bahias e a Cozinha Mineira); Spotify apresenta discografia WME com Karol Conka, Julia Branco, Luiza Lian e Maria Rita Stumpf; Inspiração x Composição, com as artistas Tulipa Ruiz, Josyara, Juçara Marçal e Mahmundi e um dos mais disputados, O Som das Refugiadas, composto pelas integrantes do grupo Santa Mala (Bolívia) e pela cantora palestina Oula Al-Sagir.
Entre os workshops, os que mais atraíram o público foram: As marcas podem resolver o seu problema de grana, ministrado pela Fátima Pissarra, criadora da Music2, o Music Content como amplificador da estratégia Digital, conduzido por Samantha Almeida, diretora de marketing e comunicação da Music2, além dos workshops sobre Booking artístico, com Fabiana Lian, da escola OnStage Lab, e sobre Discotecagem, com Miria Alves.
No total, foram 15 shows, que passearam do dancehall ao techno, passando pela MPB e pelo Jazz. A lista de artistas que tocaram este ano tem de nomes bem conhecidos como Mahmundi, Anelis Assumpção, Carne Doce e Paula Lima, até artistas que estão em plena ascensão, como Linn da Quebrada, Slam das Minas, Brisa Flow, Bivolt, Lei di Dai, Josyara e Maria Beraldo, além das DJs Valesuchi, Carol Mattos e Marina Dias e do grupo das irmãs bolivianas Santa Mala.
O mais lindo foi ver ao longo do evento o número crescente de homens que estão totalmente conectados com o que precisa ser feito; a busca pela igualdade. Não é ser melhor ou maior. É ter oportunidades iguais. Entre os muitos homens presentes, alguns comentavam que se sentiam seguros ali sem precisar exercer o macho alfa que habita o insconsciente de cada um.
A felicidade também me bateu quando vi várias garotas da periferia de São Paulo, algumas presentes graças a ingressos que distribuímos num evento no Centro de Cultura do Grajaú semanas antes, ávidas por informação, por aprender. Esse é o verdadeiro empoderamento, dar ferramentas para que as meninas encontrem oportunidade de emprego e paguem seus boletos com dignidade.
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