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Claudia Assef

Pra quê um prêmio para mulheres? Te conto mil motivos condensados num post

Claudia Assef

04/12/2018 15h55

Antes de mais nada é bom esclarecer que vou falar de um evento no qual estou 100% envolvida. Como sou da velha-guarda do jornalismo, da escola que se pelava de medo de misturar assuntos pessoais como pautas da redação, questionei meus imediatos aqui no UOL pra ver se tudo bem. Recebi o OK então aqui vão minhas razões pra estar absolutamente feliz de estar fazendo a primeira e única premiação brasileira (e segunda do mundo) dedicada às mulheres da indústria da música, o WME Awards by Music2!.

Primeiro vou contar um pouco sobre como este prêmio nasceu. Fim de 2016, lancei junto com a minha sócia Monique Dardenne o Women's Music Event, uma plataforma que juntava conferência/festival de música onde as mulheres seria protagonistas, um banco de talentos femininos com 30 profissões da indústria musical e vários conteúdos, entre vídeos e matérias, que jogassem luz sobre artistas, mas também sobre as mulheres invisíveis da cadeia musical, de roadies a CEOs de empresas.

Em março de 2017 a gente fez a primeira edição do WME no Centro Cultural São Paulo, além de algumas festas noturnas, reunindo mil pessoas logo na primeira edição. Dias depois fomos convidadas pelas Fátima Pissarra, então CEO da VEVO Brasil, para falar sobre uma ideia que ela tinha. Chegamos lá e ficamos de cara, pois já tínhamos pensando em fazer o que ela propunha; um prêmio 100% dedicado a reconhecer e celebrar as mulheres da indústria musical.

Com a Fátima foi amor à primeira reunião. Ela já havia nos ajudado a vender alguns patrocínio para o WME e agora vinha com esse ideia um tanto doida de fazer um evento de música premiando mulheres em pleno ano de profunda crise financeira no Brasil. Não tivemos dúvida, nos jogamos de cabeça.

Tássia Reis, As Bahias e a Cozinha Mineira, Karol Conka e Pitty no WME Awards 2017

É certo que o mercado publicitário não estava pronto pra tanta novidade. Sentíamos nas entrelinhas que havia uma desconfiança velada da real necessidade de se ter um prêmio apenas para mulheres. Chegaram a nos perguntar se não estávamos incitando um preconceito ao contrário. Claro que não, senhorxs! Estamos a séculos de chegar a uma equidade de gêneros e lógico que não estamos falando só do mercado da música.

Em todas as profissões, as mulheres ainda ganham menos, são sujeitadas a objetificação, não são valorizadas nos papéis onde os homens seguem soberanos (na produção musical, na parte técnica em geral). Então sabe aquela história de que para consertar uma balança que está pendendo para um lado é preciso entortar o ponteiro radicalmente para lado oposto, até que ele volte para ponto central? Estamos bem neste momento.

Preta Gil, novamente a nossa hostess da noite

Num mercado como o brasileiro, onde os 100 artistas que mais arrecadaram dinheiro com música apenas 10 são mulheres, precisamos sim urgentemente celebrar essas profissionais que estão aí. E não só as que estão brilhando nos palcos (essas todo já conhece), mas também e principalmente as que ralam para fazer a roda girar e as que no passado abriram as trilhas. Por isso, no WME Awards a gente tem duas frentes de premiação, as categorias do Voto Popular, que são escolhidas pela internet e compreendem os nomes que todo mundo conhece (melhor álbum, cantora, música, videoclipe, DJ e revelação), e Voto Técnico, sete categorias voltadas para as áreas mais invisíveis desse mercado (radialista, jornalista, diretora de vídeoclipe etc).

Indicadas na categoria Melhor Videoclipe em 2018

Importante também dizer o quanto as mulheres (artistas e das áreas técnicas) se engajam no prêmio, se sentem prestigiadas e valorizadas. Quase 100% das indicadas nas 13 categorias falaram em suas redes sociais sobre a importância de valorizar a o trabalho da mulher num período tão difícil da nossa história. Sim, porque a principal proposta do prêmio é de fato fazer com que as manas da música consigam pagar seus boletos dignamente.

Se no ano passado já tínhamos conseguido reunir nomes da pesada da música brasileira no palco e na plateia, este ano o show vem em dobro. Literalmente. Dobramos o número de atrações musicais e apresentadoras. Estão confirmadas Preta Gil, Karol Conka, Elza Soares, Daniela Mercury, Fernanda Abreu,  Letrux, Luedji Luna,  Tulipa Ruiz, Anelis Assumpção, Alice Caymmi, Teresa Cristina, Karina Bhur, Tiê, Lan Lanh, Drik Barbosa, Duda Beat, Mulher Pepita, Luísa Sonza, Linn da Quebrada e muito mais!

Pra quem ainda não se convenceu, uma proposta; assista hoje à transmissão ao vivo, a partir das 21h, pelo canal Music Box (a cabo) ou pelo Facebook da Skol, e depois me conte se a gente tem ou não motivos para fazer uma celebração da música somente para as minas. Daí você também vai entender a nossa # deste ano, #chamaasminas.

Desafio lançado. Aguardo-vos.

Para quem estiver ansiosx como eu, sugiro ouvir a playlist com cantoras brasileiras de diversas épocas e estilos pensando na premiação desta noite. Girl Power é pouco.

Sobre a autora

Claudia Assef é uma das mais respeitadas especialistas em música do país. É publisher do site “Music Non Stop” e ao lado de Monique Dardenne fundou o “Women's Music Event”, plataforma de conteúdo e eventos que visa aumentar o protagonismo da mulher na indústria da música.

Sobre o blog

Um espaço para falar sobre descobertas musicais, novidades, velharias revisitadas, tendências e o que está rolando na música urbana contemporânea, seja na noite ou nas plataformas de streaming mais próximas de você.

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