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Claudia Assef

O Barulho da Lua: vida do DJ mineiro Anderson Noise vai virar livro

Claudia Assef

08/10/2018 18h55

Em meio a tanta estranheza no ambiente sociopolítico nacional, uma notícia ótima. A trajetória do DJ mineiro Anderson Noise vai virar um livro, com o título de O Barulho da Lua – A História do DJ Anderson Noise, escrito por esta que vos escreve, com apoio do edital de música Natura Musical. No total, 50 projetos, entre discos, livros e espetáculos musicais, serão apoiados em 2019 pela empresa de cosméticos.

Quem acompanha música eletrônica sabe que o Anderson de Almeida Alves é um dos personagens de maior importância nos últimos 30 anos no cenário nacional, período em que ele tem feito um pouco de tudo nesse métier, de festas em locais bem incomuns, como manicômios e circos (isso nos idos de 90 e poucos, em Belo Horizonte), até tocar com orquestra sinfônica. Ele é dessas pessoas inquietas que não param no lugar e vivem, no bom sentido, procurando sarna pra se coçar.

Quem conhece o Noise de perto entende que o som que ele toca é realmente a cara dele: divertido e intenso. Das primeiras festas em que tocou como DJ, em 1988, até hoje, muita coisa mudou. Mas não o jeitão de moleque do fundão da sala de aula deste mineiro canceriano de 49 anos, que adora a família acima de tudo.

Anderson de Almeida Alves, o Anderson Noise, trabalhava como pintor com o pai para poder bancar seus discos

A intensidade de seus sets se refletem no volume de produções em sua carreira: são quase 300 músicas produzidas, 750 programas de rádio, 13 videoclipes e 10 compilações lançadas por seu selo, Noise Music.

A vontade de ser renovar sempre também é outra característica. Talvez por isso ele tenha se juntado ao maestro João Carlos Martins para algumas apresentações na Sala São Paulo, em 2009. E também por esse faniquito de mudança criou, ao lado de Henrique Portugal e Lelo Zaneti, do Skank, a banda Niemeier, um trio de jazz eletrônico que faz um som bem conceitual – aguardem pra ouvir a faixa que tem participação de Milton Nascimento, é linda e nada convencional.

Não é segredo que o Noise é meu amigo e não vejo nenhum problema nisso. Ao contrário, acho importante conhecer bem a pessoa que se irá biografar. Mas, assim como fiz com a biografia da Sonia Abreu, primeira DJ do Brasil, não haverá moleza para o entrevistado. Vamos, sim, contar tudo, tudão.

Noise e eu quinta passada no Clube Jerome, onde fomos tocar pouco depois de saber o resultado do edital Natura Musical. Foto: Guilherme Lion

O projeto do livro já leva uns anos na gaveta e foi graças ao escritório Prodigital que tudo rolou. Quem trabalha com livros no Brasil sabe que nada é muito simples, e ter um apoio como esse do edital Natura será fundamental para entregar um produto final bem elaborado em todos os sentidos.

Fico feliz e honrada em poder contar a história desse moço batalhador, filho de um pintor e de uma costureira (minha amiga dona Nirce, melhor frango com quiabo do Brasil), nascido numa família humilde em Belo Horizonte e que cursou até a sétima série – ele não tem e menor vergonha de falar sobre isso, aliás, costuma começar suas participações em painéis e eventos contando sobre suas origens. A história do Anderson é uma inspiração, um caso em que a vontade e a paixão pela profissão falaram muito mais alto do que as dificuldades, e não foram poucas!

Sobre a autora

Claudia Assef é uma das mais respeitadas especialistas em música do país. É publisher do site “Music Non Stop” e ao lado de Monique Dardenne fundou o “Women's Music Event”, plataforma de conteúdo e eventos que visa aumentar o protagonismo da mulher na indústria da música.

Sobre o blog

Um espaço para falar sobre descobertas musicais, novidades, velharias revisitadas, tendências e o que está rolando na música urbana contemporânea, seja na noite ou nas plataformas de streaming mais próximas de você.

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