Brilho da DJ paulistana Cashu no Boiler Room holandês vai render. Entenda.
O festival Dekmantel, na Holanda, é um daqueles que todo mundo que se interessa por música eletrônica quer ir ou no mínimo fica de olho nos lives e notícias que rolam de lá. Este ano, o festival aconteceu entre os dias 1 e 5 de agosto em Amsterdã, com um line-up de fazer qualquer fã de beats dos mais diversos querer cortar os pulsos. Pra se ter ideia, teve de Tangerine Dream, banda ícone do krautrock alemão, a Mr. Scruff, outro medalhão da discotecagem mundial que viveu seus dias de glória no final dos anos 90, além de nomes quentes do techno como Lena Willikens e R0dhad, e figurões atuais como Jamie XX, John Talabot e o baixista Thundercat. Entre os brasileiros, a dupla de DJs da festa Selvagem, o crew Gop Tun DJs (sócios na versão brasileira do Dekmantel, que já rolou duas vezes em São Paulo), e a paulistana Cashu.
Escalada pela primeira vez para tocar no Dekmantel gringo (e praticamente residente da versão nacional do festival, já que tocou nos dois anos do evento), Cashu brilhou muito em sua apresentação que foi transmitida ao vivo pelo palco do programa inglês Boiler Room, outra marca que costuma trazer artistas de muita qualidade para seus lives.
Uma das criadoras da festa Mamba Negra (eleita a melhor do ano pelo Guia da Folha em 2017), Carol Schutzer largou o curso de arquitetura e começou a se envolver com discotecagem tocando na Voodooohop , uma das primeiras festas itinerantes a ocupar ruas de São Paulo. Há cinco anos, se juntou com a amiga de faculdade Laura Diaz, atriz e vocalista do Teto Preto, para criar a Mamba. Se você quer entender o que tem acontecido na noite de São Paulo nos últimos anos, uma visita a uma edição da Mamba Negra é obrigatória.
Cashu, portanto, conhece muito bem o que tem rolado na noite de São Paulo. E foi esta vibe que ela entregou ao mundo através de seu set, transmitido no dia 3 de agosto diretamente do Dekmantel na Holanda. Ela simplesmente quebrou tudo e seu set foi o mais visto do festival naquele dia.
VEJA ABAIXO O BOILER ROOM DA CASHU @ DEKMANTEL
O set abre com a faixa I Am A Nasty Woman, criada pelos chilenos Valesuchi e Matias Aguayo com áudio gravado pela atriz Ashley Judd durante o Woman's March em 2017. Um baita soco na cara feminista que foi recebido com soquinhos no ar pela pista. Golaço já na primeira tacada. O set seguiu denso, com Cashu visivelmente nervosa no início para, mais tarde, relaxar e curtir com a pista. Ela segue em turnê pela Europa, mas bati um papo rápido com ela sobre a repercussão desse seu primeiro Boiler Room.
"A reverberação está sendo ótima, tive ótimos feedbacks e muita gente que tenho encontrado na viagem me falou que assistiu. O pessoal do Boiler Room que trabalhava na técnica e monitorava as transmissões me disse que foi o set que mais teve acessos aquele dia, graças aos brasileiros que dominaram no chat, claro. Acredito que agora já devem ter outros artistas mais visualizados, por serem mais conhecidos, eles haviam se referido ao momento da transmissão mesmo.
Gostei bastante da repercussão que teve no Brasil, muita gente gostou muito do set e se sentiu representada e isso é muito importante para qualquer artista. A seleção que separei era bem distorcida e consequentemente difícil de mixar, como era transmissão ao vivo fiquei bastante nervosa. Só que quando fui tocar, o Phuong Dan, que tava tocando antes, me disse que estava bem nervoso também. Aí vi que não era só eu, super normal essa pressão. Mas a pista estava com tanta energia boa e também sabia que vários amigos do Brasil estavam assistindo que resolvi me divertir. E, de certa forma, muitos sets são assim, você começa mais concentrada e depois vai ficando mais à vontade. Eu não havia preparado o set inteiro, depois da metade foi tudo escolhido na hora mesmo, de acordo com o momento".
Quem sabe agora que o mundo todo conheceu a Cashu, mais festivais irão se interessar por chamar mais mulheres, não é? Se precisar de sugestão de nomes, só chamar. Juro que nem vou cobrar pela consultoria (mas não abusa).
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