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O som eletrônico que você já deveria ter ouvido, Teto Preto lança disco

Claudia Assef

08/11/2018 00h40

Se tudo é uma questão de perspectiva, da bolha onde se vive, então o grupo eletrônico Teto Preto é um dos nomes mais famosos do mundo… pelo menos para mim. Gasolina, hit ácido e dançante lançado em 2016, é dessas músicas que funcionam – e deixam sua marca – nas mais diferentes atmosferas. Eu já a coloquei como trilha de peça de teatro (Carne de Mulher, de Paula Cohen, peça feminista urgentíssima cuja temporada encerra neste final de semana, se informe), numa pista de dança chiquérrima no sul da França para convidados como Elton John e Bono Vox e também numa festa para gente vestindo o mínimo necessário dentro de uma sauna em São Paulo. Gasolina sempre desperta curiosidade e um espírito de luta que faz quem estiver na pista dançar com os braços pro alto e punhos fechados.

TETO PRETO – GASOLINA 

Sei que nem todo mundo vive nessa bolha da música eletrônica underground, e este blog também serve, entre outras coisas, para compartilhar coisas legais que eu vejo e ouço quando muitos de vocês estão dormindo. O Teto Preto é dessas joias que, apesar de serem ídolos do under há um certo tempo, têm tudo para cair no gosto de muito mais gente. E por que falar deles agora, se o grupo não é novidade? Porque tem álbum,  Pedra Preta, sendo lançado nesta quinta (8) em São Paulo.

A faixa que eu citei, Gasolina, acabou chamando a atenção de muita gente e levou o Teto a festivais dos mais diferentes perfis, do Rec Beat (Recife) ao DGTL (SP), passando pelo Bananada (Goiânia), Dekmantel (SP), entre muitos outros. Em 2018, a música entrou como uma citação no novo disco de Marina LimaNovas Famílias, na faixa Mãe Gentil, e fico feliz que eu tenha tido um dedinho de participação nessa história. Vou contar.

Durante o Women's Music Event 2017, no qual Marina foi madrinha, perguntei a ela durante o painel em sua homenagem que sons ela andava ouvindo. Ela me falou na lata: "tenho adorado ouvir Gasolina, do Teto Preto". Eu, sabendo que Marina é um ser antenado desde sempre, não me surpreendi e falei: "são meus amigos, vou apresentá-los a você". Pouco mais de um mês depois, estávamos eu, Laura Diaz (vocalista), Pedro Zopelar (eletrônicos) e L_cio (atualmente não integra mais a banda) tomando um vinho no apartamento da Marina, falando sobre música, política e noite. Corta para uma madrugada fria pouco tempo depois, quando levei Marina à festa Mamba Negra, que Laura criou junto com a DJ Cashu há uns seis anos. Naquela madrugada vimos um show fortíssimo do Teto Preto. O resto é história e você pode ouvir a faixa aqui.

A atual formação do Teto Preto tem Bica, Sávio de Queiroz, Pedro Zopelar, Laura Diaz e Loic Koutana

Com oito faixas autorais – sendo 7 inéditas – o álbum chega num momento em que letras como Bate Mais, uma das músicas, nunca fez tanto sentido. Desde que comecei a ouvir, o disco não tem parado de rodar enquanto trabalho e penso na atual situação do Brasil. Gravado com a formação atual do Teto Preto, composta por Laura Diaz aka CARNEOSSO (voz/composição/performance), Loïc Koutana (performance), Zopelar (sintetizadores/bateria eletrônica), Sávio de Queiroz (sintetizadores/bateria eletrônica) e William Bica (percussão/trombone), Pedra Preta chega no formato digital (que você pode comprar aqui) e também em vinil (que você pode comprar aqui).

No dia do lançamento também tem premier do clipe Pedra Preta, produzido numa collab entre o selo MAMBAREC, braço fonográfico da festa Mamba Negra, e a produtora Planalto, com roteiro da própria Laura Diaz – que não apenas assina seus clipes como de outras cantoras, como Maria Beraldo.

Enquanto as máquinas soltam os beats sintéticos, fazendo com que a banda se encaixe perfeitamente no universo da eletrônica, a percussão, com os timbres da conga, da cuíca, além do sopro do trombone e da voz cortante e provocativa de Laura trazem o calor da música orgânica, o que legitima a entrada do Teto em festivais de indie, MPB e afins. Uma banda que já nasce musicalmente transgênera merece o meu respeito.

Ouça em primeira mão o disco Pedra Preta

LANÇAMENTO TETO PRETO

Quinta, 8 de novembro, das 22h às 3h
Fabrique Club – Rua Barra Funda, n 1071 (Barra Funda)
Valor: R$ 20 a R$ 50
Ingressos Antecipados

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Sobre a autora

Claudia Assef é uma das mais respeitadas especialistas em música do país. É publisher do site “Music Non Stop” e ao lado de Monique Dardenne fundou o “Women's Music Event”, plataforma de conteúdo e eventos que visa aumentar o protagonismo da mulher na indústria da música.

Sobre o blog

Um espaço para falar sobre descobertas musicais, novidades, velharias revisitadas, tendências e o que está rolando na música urbana contemporânea, seja na noite ou nas plataformas de streaming mais próximas de você.

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